quarta-feira, 22 de abril de 2020

Romantismo no Brasil (resumo)

Atividades

1. Faça a leitura e a análise interpretativa do texto a seguir. Você pode fazer as marcações dos trechos principais no corpo do próprio texto ou transcrevê-los em seu caderno.

Romantismo no Brasil

Romantismo (século XIX) é o período literário que veio depois do Arcadismo (século XVIII) e é dividido em três fases: Primeira Geração (Indianismo), Segunda Geração (Ultrarromantismo) e Terceira Geração (Condoreirismo).

De modo geral, o Romantismo é caracterizado pela subjetividade, pela emoção, pelo sentimentalismo e pelo lirismo (à grosso modo, tudo isso é a mesma coisa). Ou seja, os escritores românticos escreviam de modo mais emotivo e sentimental, explorando as emoções e o drama humano.

A primeira fase dá destaque ao nacionalismo e ao índio (símbolo brasileiro), a segunda fase explora o drama humano, investigando o próprio “eu” (é uma fase mais dramática e depressiva) e a terceira fase explora a temática social. 

Primeira Geração (Indianismo)

No século XIX, o Brasil finalmente deixou de ser colônia de Portugal e conquistou a sua independência. Sendo assim, surgiu o desejo de fazer com que a nossa produção literária ficasse, de fato, mais “brasileira”, afastando-se da literatura europeia e ganhando características mais próprias, ou seja: ficando mais nacional. Afinal, o Brasil agora é independente e precisa de uma literatura própria, precisa construir a sua cultura. 

Surgiu, então, a primeira fase do Romantismo, que era o Indianismo (Primeira Geração), que tinha como característica valorizar e exaltar tudo o que o Brasil tinha de bom: exaltação do índio (daí vem o nome “indianismo”), da natureza, da liberdade, além da presença do forte espírito patriótico (nacionalismo ufanista). Destacam-se nesse período: Gonçalves Dias (que escreveu Canção do ExílioI-Juca-Pirama e Os Timbiras) e Gonçalves de Magalhães (que escreveu Suspiros Poéticos e Saudades, obra que iniciou o Romantismo no Brasil).

Excerto de um texto indianista:

Canção do Exílio 
(Gonçalves Dias)

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

[...]

Esse poema foi escrito quando o poeta estava em Portugal. Portanto, o poema retrata a saudade do Brasil, exaltando suas características (palmeiras, sabiá, várzeas, flores, bosques, etc.). 

Na prosa, quem se destacou foi José de Alencar, que era um romancista “completo”: escreveu romances históricos, indianistas, urbanos e regionalistas. É o autor de Iracema, grande obra do período. 

Também podemos destacar Joaquim Manoel de Macedo (autor de A Moreninha) e Manuel Antônio de Almeida (autor de Memórias de um Sargento de Milícias). 

Segunda Geração (Ultrarromantismo)

Ultrarromantismo é a segunda fase do Romantismo e é caracterizado pela influência do poeta britânico George Byron, que aborda temas depressivos e pessimistas, como a morte, a dor, o amor não correspondido, o tédio, a tristeza profunda, o individualismo, o saudosismo, o excesso de sentimentalismo, entre outros. Por isso, essa geração de poetas é conhecida como Mal do Século. No Brasil, os principais autores foram: Álvares de AzevedoCasimiro de Abreu e Fagundes Varella.

Os poetas eram ultrarromânticos, ou seja: eles eram “ultrassentimentais”, “ultraemotivos”, “ultrassubjetivos”.  Isso significa que eles eram bem emotivos e sentimentais.

Veja, agora, um trecho de um texto ultrarromântico.

Cântico do Calvário
(Fagundes Varela)

[...]
Do Criador dos seres! Tu me falas
Na voz dos ventos, no chorar das aves,
Talvez das ondas no respiro flébil!
Tu me contemplas lá do céu, quem sabe,
No vulto solitário de uma estrela,
E são teus raios que meu estro aquecem!
Pois bem! Mostra-me as voltas do caminho!
Brilha e fulgura no azulado manto,
Mas não te arrojes, lágrima da noite,
Nas ondas nebulosas do ocidente!
Brilha e fulgura! Quando a morte fria
Sobre mim sacudir o pó das asas,
Escada de Jacó serão teus raios
Por onde asinha subirá minh’alma.
[...]

Observe como esse poema está carregado de emoção e de sentimentos. Ele foi escrito por Fagundes Varela em memória de seu filho (morto em 1863).

Terceira Geração (Condoreirismo)

Condoreirismo foi a terceira fase do Romantismo e tinha como característica a questão social: abolicionismo da escravidão, liberdade, republicanismo. O abolicionismo foi um tema de destaque nesse período, sendo bem explorado por Castro Alves (conhecido como o “poeta dos escravos”), que escreveu Navio Negreiro e Espumas Flutuantes

“Condoreirismo” vem de “condor”, uma ave que tem uma visão ampla. Portanto, os escritores do período também agiam como condores, pois tinham uma visão ampla e conseguiam enxergar a realidade social e seus problemas. 

Outra característica é que o amor é realizado: o homem não fica mais idealizando sua musa inatingível (como ocorria antes), não ocorre mais o “amor platônico”. Dessa vez, a mulher é algo muito mais real e a poesia é muito mais erótica.

Essa fase já começa a apresentar alguns elementos de transição para os próximos períodos da Literatura Brasileira: o Realismo e o Naturalismo.

(ENSI, Peter. Resumo de Romantismo [Literatura Brasileira]. Disponível em: <http://www.resumosdeliteratura.com/2014/10/resumo-de-romantismo-literatura.html>. Acesso em: 10 out. 2016)

2. Agora, que você já leu e interpretou o texto acima, e também fez os registros recomendados. Clique no link abaixo. Ele direcionará você a um vídeo que trata do mesmo assunto. Assista ao vídeo e faça o registro dos trechos principais em seu caderno.


3. Após ter lido e interpretado o texto e assistido ao vídeo expressos anteriormente, faça um resumo das gerações românticas no Brasil e suas respectivas temáticas.

4. O período romântico no Brasil foi de suma importância para a caracterização literária deste país. Por quê?

5. (Enem) O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do poeta romântico Castro Alves:

Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma…
Nos seus beijos de fogo há tanta vida…
– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.


(ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983)

Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra

a) embalsama.
b) infinito.
c) amplidão.
d) dormir.
e) sono.

sábado, 18 de abril de 2020

Recortes do tempo (sinopse)


Recortes do tempo (editora Viseu, 2019) é o sexto livro escrito por Roberto de Queiroz. Esta obra resulta de uma coletânea de artigos e crônicas, publicados nos seguintes periódicos: Diario de Pernambuco, Folha de PernambucoGazeta do OesteGazeta NossaJornal do CommercioJornal IgaçabaO NheçuanoO Radar e Vaia, entre outros suportes textuais, no período de março de 2001 a abril de 2017. Os textos estão organizados de acordo com a ordem de publicação e abordam principalmente estas áreas de conhecimento: educação, linguística, literatura, relações humanas e teoria literária.

O livro está disponível em dois formatos: impresso e e-book. O impresso está à venda, além da loja da editora, na 
AmazonAmericanasEstante VirtualMagazine LuizaSaraivaShoptime e Submarino.

e-book está à venda nas seguintes lojas: 
AmazonAppleBarnes & Noble, GoogleKoboLivraria Cultura e Wook.

Para adquirir este livro: https://buff.ly/2xjefbe

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Sinopse do livro “Leitura e escrita na escola: ensino e aprendizagem” (edição revista e ampliada – editora Multifoco, 2016)


“Leitura e escrita na escola: ensino e aprendizagem” (ed. rev. e ampliada – editora Multifoco, 2016) é o quinto livro publicado por Roberto de Queiroz. A obra tem orelha de Iolita Campos (FAMASUL-PE), prefácio de Araken Guedes Barbosa (UFPE) e posfácio de Nelly Carvalho (UFPE). O primeiro e o segundo capítulos reúnem questões teóricas, de fontes variadas, sobre os objetivos e funções da leitura, os níveis de conhecimento utilizados mediante o ato de ler e outras questões referentes à textualidade, necessárias para o desenvolvimento dos próximos tópicos. O terceiro e o quarto capítulos discorrem sobre o papel dos elementos de comunicação e das funções da linguagem no processo de recepção e produção de textos. O quinto capítulo aborda o discurso no texto ficcional escrito. O sexto e último capítulo trata de atividades de leitura e escrita realizadas no ensino fundamental e médio.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Realismo / Naturalismo no Brasil (Machado de Assis)

Autor
 
Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908)

Nasceu e morreu no Rio de Janeiro. De origem humilde, consta que frequentou apenas a escola primária. Foi tipógrafo, revisor, redator e colaborador de diversos jornais. Sua produção intelectual, iniciada com a crônica e o teatro, foi-se intensificando até atingir o ponto culminante com os romances da segunda fase (ver a seguir, em "Obra"), que o consagraram como um dos maiores escritores da língua portuguesa.

Em 1869 casou-se com a portuguesa Carolina Xavier de Novais, mulher muito culta, que influenciaria bastante sua carreira literária. Fundou, juntamente com outros escritores, a Academia Brasileira de Letras, da qual seria eleito presidente no ano seguinte.

O enterro de Machado levou multidões às ruas, prova da fama e respeito que impunha como brilhante intelectual.

 
Obra

Prosa
Contos: Contos fluminenses (1870); Histórias da meia-noite (1873); Papéis avulsos (1882); Histórias sem data (1884); Relíquias da casa velha (1906).

Romance: conforme a crítica já consagrou, distinguem-se duas fases na carreira de romancista de Machado. A primeira fase compreende os romances com características ainda românticas: Ressurreição (1872); A mão e a luva (1874); Helena (1876); laiá Garcia (1878). Na segunda fase, a dos romances realistas, inserem-se: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881); Quincas Borba (1891); Dom Casmurro (1899); Esaú e Jacó (1904); Memorial de Aires (1908).

Poesia: Crisálidas (1864); Falenas (1870); Americanas 1875); Poesias completas (1901).

 
Como classificar a obra de Machado de Assis?

É muito difícil enquadrar rigidamente a obra dos grandes escritores. Essa dificuldade ocorre com a classificação da obra de Machado.

Alguns elementos típicos do Realismo/Naturalismo podem ser encontrados nos textos de Machado, tais como a vitória do mais forte sobre o mais fraco, o condicionamento do homem ao meio social, a objetividade do narrador.

No entanto, se o Realismo/Naturalismo supõe um ser humano unidimensional, de moral padronizada, em Machado surge o ser múltiplo, contraditório, dividido consigo mesmo, feito de impulsos que podem ser incoerentes entre si. Por isso, em vez de conceitos absolutos, o escritor nos apresenta um mundo onde quase tudo é relativo.

Exercícios

Dom Casmurro, um dos mais conhecidos romances de Machado de Assis, tem como assunto a história de Bentinho e Capitu. Depois de um namoro iniciado na infância e de um casamento apaixonado, eles acabam se separando, pois Bentinho suspeita de que Capitu o traíra com Escobar, o melhor amigo do casal. Ezequiel, o filho, seria fruto dessa traição. O capítulo que vamos ler (CXXIII) mostra a reação de Capitu no velório de Escobar, que morrera afogado. Trata-se de um momento crucial da narrativa, uma vez que as atitudes de Capitu reforçam as desconfianças de Bentinho, o narrador.

 
Olhos de ressaca
 
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...
 
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.
 
ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Dom Casmurro. 26. ed. São Paulo, Ática, 1992. p. 160-1. (Série Bom Livro).

Margens do texto

1. O que predomina no texto: narração de fatos ou reflexão? Que reações o narrador analisa? O que Bentinho insinua a respeito de Capitu?
 
2. Que diferença única o narrador observa entre a reação da viúva e a de Capitu? O que esse fato sugere ao narrador?
 
3. O emprego das formas verbais destacadas abaixo tem consequências para a análise do comportamento de Capitu. Explique.
 
a. "...parecia vencer-se a si mesma"
 
b. "... mas o cadáver parece que a retinha".
 
Fonte: FARACO, Carlos Emílio et MOURA, Francisco Marto. Português. São Paulo: Ática, 2002. p. 247-8. (Série Novo Ensino Médio).